Episódio 032 – Dezembro Vermelho e HPV – Do Diagnóstico à Vacina

#32. Neste episódio, falo sobre o Dezembro Vermelho e a infecção pelo Papiloma Virus Humano (HPV).
Abordamos:
– DST ou IST?
Há alguns anos o nome Doenças Sexualmente Transmissíveis foi mudado para Infecções Sexualmente Transmissíveis, pois nem toda infecção leva à doença, e mesmo assim toda infecção deve ser estudada e evitada.
– O que dizem as pesquisas da Sociedade Brasileira de Urologia sobre as ISTs?
De acordo com a OMS, diariamente mais de 1 milhão pessoas contraem Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A SBU, a fim de conscientizar sobre a prevenção das ISTs, abraça neste mês a Campanha Dezembro Vermelho, ação nacional de prevenção ao HIV/Aids e outras ISTs.
Pesquisa realizada recentemente pela SBU apontou que 80% dos 480 entrevistados adultos afirmaram saber sobre as ISTs, porém não se consideravam em risco; 11% afirmaram ter consciência sobre as doenças e o real risco que correm caso mantenham relações sexuais desprotegidas. A pesquisa on-line contou com 479 respondentes, sendo 78% homens e 22% mulheres, de 22 estados.
Já outra pesquisa conduzida pela SBU com foco em adolescentes entre 12 a 18 anos, com 267 participantes (170 meninos e 87 meninas de 12 estados), mostrou que 15% já tiveram iniciação sexual, sendo que 44% não usaram preservativo na primeira relação sexual; 35% não usam ou usam raramente o preservativo nas relações sexuais; 38,57% dos meninos não sabem sequer colocar o preservativo.
Discutir sexualidade com os jovens, de forma séria e sem politização, é a chave para evitarmos uma epidemia de ISTs futuras.
Importante: ITU (infecção do trato urinário) não é IST.
– Os 4 grupos de ISTs:
Podemos dividir as doenças de várias formas, aqui de forma didática vou dividir em:
1) As silenciosas: HIV/AIDS; Hepatite B; Hepatite C
2) Úlceras: herpes genital, cancróide (cancro mole), sífilis (ou cancro duro), linfogranuloma venéreo (LGV) e donovanose
3) Lesões verrucosas: HPV
4) Secreções uretrais: uretrites
VERRUGAS GENITAIS, CONDILOMA ACUMINADO E PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV)
– Tipos de HPV
O HPV está relacionado com lesões verrucosas anogenitais em homens e mulheres. Além disso, alguns tipos de HPV também podem originar lesões com potencial oncogênico em vários sítios anatômicos extragenitais em ambos os sexos.
Pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, apresentando maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras. Dentre os HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero. Estão associados ainda ao câncer anal, pênis, orofaringe, cabeça e pescoço e pele.
Já os HPV 6 e 11, encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos, são considerados não oncogênicos.
– Diagnóstico
O diagnóstico das lesões causadas pelo HPV é essencialmente clínico.
Nos casos chamados subclínicos: Peniscopia (Inspeção peniana magnificada após aplicação de solução de ácido acético a 5%) – controverso, muitos falso + e falso -. Biologia molecular – Atualmente não há recomendações consistentes para se realizar testes de biologia molecular em homens.
Entretanto, a infecção por HPV em ambos os sexos somente pode ser confirmada através da demonstração do DNA do vírus nos espécimes estudados. E a biópsia demonstrando coilocitose é muito sugestiva da infecção viral naquele local.
– Tratamento
A escolha do tratamento baseia-se no número, tamanho, morfologia e localização das lesões, além da preferência do paciente. Além disso, a experiência do médico com o método de tratamento, a relação custo/benefício, os efeitos adversos e a preferência do paciente são também importantes na tomada de decisão terapêutica
São opções de tratamento:
- Podofilina pomada (Drogas Antimetabólicas)
- 5-fluorouracil (5-FU) (Drogas Antimetabólicas).
- Imiquimode 5% creme (Imunomodulação e Terapia Antiviral).
- Eletrocauterização (com ou sem excisão cirúrgica de lesões) (Citodestrutivo)
- Crioterapia (Citodestrutivo).
- Ácido Tricloroacético (ATA) 80 a 90% (Citodestrutivo)
- Postectomia
– Prevenção com Vacina:
Quem deve tomar
A vacina contra o HPV pode ser tomada das seguintes formas:
1. Pelo SUS
A vacina está disponível gratuitamente nos postos de saúde, em 2 a 3 doses, para:
• Meninos e meninas dos 9 aos 14 anos;
• Homens e mulheres de 9 a 26 anos vivendo com HIV ou AIDS, pacientes que receberam transplante de órgãos, de medula óssea e pessoas em tratamento contra o câncer.
Protege contra os vírus 6, 11, 16 e 18; Protege contra as verrugas genitais, o câncer do colo do útero na mulher e o câncer do pênis ou do ânus no caso do homem; Fabricada pelo laboratório Merck Sharp & Dhome, sendo chamada comercialmente de Gardasil; Doses: São feitas 3 doses, no esquema 0-2-6 meses, sendo que a segunda dose é feita após 2 meses e a terceira dose é feita após 6 meses da primeira dose
2. No particular
A vacina também pode ser tomada por pessoas com idades superiores, entretanto, são apenas disponibilizadas em clínicas de vacinação particulares. Ela está indicada para:
• Meninas e mulheres entre 9 e 45 anos de idade, se for a vacina quadrivalente, ou qualquer idade acima dos 9 anos, se for a vacina bivalente (Cervarix);
• Meninos e homens entre 9 e 26 anos de idade, com a vacina quadrivalente (Gardasil);
• Meninos e meninas entre 9 e os 26 anos de idade, com a vacina nonavalente (Gardasil 9). Protege contra 9 subtipos do vírus do HPV: 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58;
A vacina pode ser tomada mesmo por pessoas que fazem tratamento ou já tiveram infecção pelo HPV, pois ela pode proteger contra outros tipos de vírus HPV, e prevenir a formação de novas verrugas genitais e risco de câncer.
Contra-indicações:
A vacina do HPV não deve ser administrada em caso de:
• Gravidez, mas a vacina pode ser tomada logo após o nascimento do bebê, sob orientação do obstetra;
• Quando se tem algum tipo de alergia aos componentes da vacina;
• Em caso de febre ou doença aguda;
• Em caso de redução do número de plaquetas e problemas de coagulação sanguínea.
– Um Feliz 2021 a todos!
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