Torção Testicular - Conscientização e Trabalho em Equipe

Você já ouviu falar em torção testicular? Apesar do nome não ser atraente, escrevo esse post porque acredito que a conscientização da população é essencial nesse caso. Depois que tive filho homem fiquei ainda mais preocupado em transmitir esse conhecimento às pessoas próximas e agora esclareço aqui para nossa comunidade online sobre o tema.

Escrevo para dizer que não é só ortopedista que trata de torção…rs. E que a torção testicular, ou torção de testículo, se caracteriza em uma urgência que demanda tratamento muito mais rápido que uma torção ortopédica. Então vamos aos fatos: porque ocorre a torção testicular? Tem a ver com sua função e embriologia. Vamos a uma rápida explicação.

No homem, o testículo tem duas funções básicas: produzir espermatozóides visando a reprodução, e produzir o hormônio masculino chamado testosterona. Para que ele exerça esse papel, deve estar localizado na bolsa escrotal. Acontece que os testículos surgem baixo do rim no abdômen e descem para a bolsa ainda durante o desenvolvimento dentro do útero da mãe (na maioria dos casos).

Quando o testículo realiza essa descida, leva consigo seus vasos sanguíneos, nervos e musculatura própria. Na bolsa, ele se fixa na porção mais inferior por uma estrutura chamada Gubernaculum. Caso essa fixação não fique adequada, esse testículo pode ter uma predisposição e facilidade de rodar sobre seu próprio eixo e assim torcer. Isso gera problemas?

Sim! Ao torcer, os vasos sanguíneos são comprimidos e o testículo fica sem sangue, com consequente sofrimento dos tecidos que depois de alguma horas ficam sem vida, de forma irreversível. O número mágico é 6 horas, mas depende de quantas voltas o testículo torceu sobre seu próprio eixo.

Entenderam porque a conscientização é essencial? Se a criança ou adolescente (idades mais acometidas) começa a se queixar de dor súbita no testículo, sem trauma prévio, e com elevação e vermelhidão da bolsa escrotal, ele deve ser levado imediatamente a um hospital com urologista de plantão. Começa a corrida contra o tempo.

E por isso o trabalho em equipe é também primordial. Neste fim de semana um jovem chegou ao hospital com o quadro descrito. O médico do pronto socorro suspeitou da torção e confirmou o diagnóstico com uma ultrassonografia doppler (na imagem, o testículo direito com fluxo normal de sangue – linhas azuis e vermelhas; no esquerdo o fluxo dentro do testículo é quase ausente).

Logo me ligou e com muita agilidade da equipe de enfermagem, anestesia e cirúrgica (nossa da Urologia), conseguimos levar o paciente ao centro cirúrgico com exploração testicular e salvamento do mesmo. Nesses casos além de destorcer o testículo que rodou, fixamos ele e o outro na bolsa de forma a nunca mais torcerem.

O sucesso no salvamento como ocorreu nesse caso infelizmente não é a regra. Apenas 1 ou 2 em cada 10 casos de torção testicular são salvos. O sucesso depende da conscientização da população e da agilidade e trabalho em equipe no atendimento hospitalar. Espalhe a notícia. Você pode estar ajudando uma família ou um colega com conhecimento preciso.

Tem dúvidas? Não deixe de perguntar ou comentar.

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